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Zuzu Angel foi uma estilista brasileira de relevância intercional, considerada a "mãe da moda brasileira" e é reponsável por criações que enalteceram a cultura e a diversidade do Brasil e do mundo afora. Através de suas ideias do que seria a moda genuinamente brasileira, Zuzu escolheu as riquesas naturais e culturais que formam o Brasil como inspirações para as suas roupas, desvinculando-se das referências da moda europeia, tão seguida no país até então.
Além de estilista e costureira renomada, Zuzu foi militante contra a ditadura militar brasileira. Em 1943, Zuzu se casou com o norte-americano Norman Angel Jones, funcionário do governo dos Estados Unidos que veio ao Brasil comprar cristais.
As silhuetas da moda predominantes na década de 1950, quando Zuzu Angel começou sua carreira de estilista, eram vestidos com corpete justo e cintura bem marcada com saias bufantes. Como suas contemporâneas, Zuzu mudou o visual na década de 1960 optando por vestidos mais jovens e evasês e adotando os comprimentos mini, midi e máxi, transformando todos esses elementos em peças de assinatura de sua produção. Zuleika era feminina e cheia de curvas, desenhava roupas de bom caimento que valorizassem o corpo de suas clientes, refletindo as tendências populares. Seus vestidos eram generosos em corte e ajuste, com lindos corpetes ou cinturas baixas, mangas esvoaçantes em tecidos transparentes e saias rodadas. Seu trabalho refletia a moda mais informal que surgia nos Estados Unidos: o estilo Califórnia com o chique de Nova York.


Para começar, Zuzu usava tecidos simples e baratos por necessidade. A reciclagem de tecidos de artigos domésticos deu novo impulso e ensinou os clientes a ver o potencial em diferentes materiais. Isso acabou influenciando a própria indústria têxtil, que produziu novos tecidos que antes não eram usados na moda. Por exemplo, Zuzu incorporou a tradicional renda brasileira de crochê a seus desenhos e por fim, tingiu-a para combinar com sedas estampadas exclusivas para produzir um visual brasileiro único. Toalhas de mesa bordadas transformaram-se em vestidos de verão que caíam no gosto de suas clientes da sociedade muito antes de o movimento hippie começar a trazer um tempero a todas as camadas da sociedade. A criatividade de Zuzu Angel e sua energia fortaleceram e inspiraram não só a emergente indústria de moda brasileira, mas muitos outros aspectos da cultura brasileira que hoje são conhecidos mundialmente.
Autodidata, Zuzu Angel foi uma inovadora, mostrando o potencial de inspiração nas tradições e nos materiais brasileiros. A moda não precisava ser copiada de nenhum outro lugar! À medida que seu sucesso cresceu, ela pôde passar a usar sedas francesas importadas, mas também desenhava seu próprio algodão estampado colorido, feito no Brasil, para suas roupas de assinatura e acessórios. Ela insistiu na incorporação do bordado, tanto aquele feito à mão como a tradicional técnica brasileira, mas também explorou o uso de tecidos inéditos e o bordado à máquina recém-desenvolvido.
Empresária severa, projetou um show room inovador no Leblon décadas antes do agora famoso conceito de “designer boutique”. Usar discretamente seu nome como um logo pessoal, obviamente, contudo, localizado nos punhos ou em costuras externas, era algo avançado: entre os primeiros no mundo.  Zuzu promoveu seu trabalho em Nova York, introduzindo não somente a moda brasileira, mas estabelecendo uma ligação importante e duradoura entre o jeitinho brasileiro descontraído e o estilo americano emergente da Costa Oeste que, por si só, tornou-se uma influência permanente na moda ocidental.

INÍCIO DA CARREIRA

Três anos depois de se casar, a costureira se muda com o marido para a Bahia, onde pode enriquecer seu repertório com as referências do sincretismo religioso. Zuzu se deixou levar pelas características estéticas, que foram fundamentais para criar sua assinatura, dando o tom para sua criação com cara de Brasil. Em 1946 nasceu seu primogênito Stuart Edgar Jones que após nascer no estado baiano, se mudou com a família para o Rio. No ano seguinte, Zuzu aumenta a família, tendo mais duas filhas, Ana Cristina e Hildegard Beatriz.


O Brasil passava por uma transição e voltava seus olhos para a indústria hollywoodiana e a moda que as estrelas do cinema usavam, enquanto a influência européia na cultura brasileira diminuia, em razão da Segunda Guerra Mundial.
Nessa mesma época, Zuzu começou a costurar saias para a vizinhança de Ipanema, que em parte eram seus conterrâneos mineiros. Com a posse de Juscelino Kubitschek, em 1956, logo fez amizade com a primeira dama Sarah Kubitschek e juntas participaram da Fundação Pioneiras Sociais, que fazia uniformes para crianças carentes em época escolar.  Quatro anos mais tarde, ela se separa do marido, mas continua com o sobrenome de casada por já ter se tornado seu nome artístico.

MERCADO INTERNACIONAL

Com a expansão de seu network, ela se mudou para uma casa maior onde abriu seu atelier e recebia em casa clientes da alta sociedade. Juntando suas economias, Zuzu pode abrir uma loja em Ipanema, que atraiu a atenção de artistas internacionais que visitavam o Rio de Janeiro como Liza Minelli e Joan Crawford. Sua irreverência mesclada com sua brasilidade eram impressos em suas criações que continham materiais inovadores. Utilizando tecido de colchão, chita, seda e renda, ela fez suas maiores criações que traziam frescor às ruas da capital do estado Guanabara.
A estilista trouxe outras inovações para a época, como substituição de aviamentos de metal por fragmentos de bambu e de madeira e um zelo na forma com a qual apresentava seu produto, através de embalagens personalizadas e já pensando na moda pronta para comprar e vestir.
Na virada da década de 1960 para 1970, Zuzu Angel já era respeitada no Brasil e muito bem conhecida no exterior. Uma de suas grandes estreias em solo norte-americano foi quando lançou sua coleção na loja Bergdorf Goodman onde vendeu roupas exclusivas feitas no Brasil. 

DESFILE PROTESTO 

Mas sua maior ousadia como forma de crítica ao governo e ao sumiço de jovens foi a produção da coleção International Dateline Collection III, desfilada em Nova York. 
Durante os anos de chumbo no governo de Emílio Médici, existia um decreto que proibia falar mal do país estando em território estrangeiro. O desfile aconteceu na Casa do Cônsul brasileiro na cidade, que em teoria seria território brasileiro no exterior. Dessa forma, ironicamente Zuzu não violou o decreto. Nele, vestidos com bordados delicados de anjos chorando, palhaços vestidos de militares, sol quadrado e preso atrás das grades representavam a intervenção violenta do militarismo. Eram referências infantis e angelicais que traduziam com brutalidade e tristeza da realidade do Brasil. No final, enquanto Zuzu distribuía santinhos com a imagem do filho, o clássico vestido de noiva foi substituído pelo vestido de luto, feito com rendas e um cinto com 100 crucifixos. 


Mais tarde, a apresentação foi reconhecida como o primeiro desfile protesto da história. Mas no Brasil, por conta da censura, ele foi documentado pela imprensa como inspirado em livros infantis, ignorando seu verdadeiro foco: a crítica ao regime militar vigente e a perseguição política. Anos mais tarde, Zuzu conseguiu documentos que provaram a morte de seu filho pelo Estado brasileiro. Ela então enviou uma carta de alerta para amigos que dizia “se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. Seu receio não foi à toa: na madrugada de 14 de abril de 1976, Zuzu sofreu um atentado, tratado na época como um acidente de carro, que acabou tirando sua vida. Seu Karmann-Ghia que ela dirigia capotou e caiu de uma altura de dez metros, na saída do túnel Dois Irmãos,  que hoje leva seu nome. Seu assassinato por agentes da ditadura militar foi reconhecido pela justiça brasileira apenas 44 anos depois, e hoje ela inspira movimentos dentro da moda que defendem a democracia e repudiam o autoritarismo na política.
Assista o desfile protesto realizado em Nova York em 1971 abaixo:



MODA GENUINAMENTE BRASILEIRA

Por conhecer cidades brasileiras muito distintas, Zuzu tomou para si muito da cultura de cada região e trasmitiu essas inspirações em suas criações com renda nordestina, chita, seda, fitas e muitas cores e estampas da fauna e da flora brasileira, com influências do folclore e das tradições de cada lugar.
Nascia ali sua marca e a alcunha de "mãe da moda brasileira", por ser consierada uma pioneira na representação destes símbolos culturais nas roupas e na transformação do "feito no Brasil e do Brasil" como algo chique.
Materias têxteis de uso doméstico, como a chita e as rendas nordestinas, de repente se tornaram parte das roupas das mulherres da elite brasileira, inclusive as mais jovens. Assim, ao mesmo tempo que trabalhava com reutilização de materiais, em um viés sustentável a moda época, Zuzu também embitia em cada peça criada um pouco de história e heranças de mãos artesãs femininas.


A assinatura de Zuzu Angel em suas criações também era notada em suas modelagens combons caimentos, pensadas para mulheres curvilíneas como ela e outras brasileiras. A estilista também trouxe mudanças nas silhuetas, inspiradas na moda fresca da Califónia e chique de Nova York. Suas peças eram mais joviais, confortáveis e fluidas, com modelos evasê, cinturas mais baixas  e comprimentos que iam do mini ao máxi, tendências também vistas nas criações de estilistas como Mary Quant nos anos 1960.
Ainda entres os anos 1960 e 1970, o Brasil seguia muitoo do que a Eurooa ditava como moda e o que era elegante. Zuzu foi figura importante na mudança dessa percepção tanto no país quanto no estrangeiro. No entanto, ir na contramão da moda europeia e enaltecer uma moda mais abrasileirada não foi o único desafio imposto ao seu desejo de ser reconhecida como a estilista autêntica que era.

FASHION DESIGNER FEMINISTA

Como tudo na sociedade da época, a moda também estava muito ligada aos papeis de gênero. Zuzu intitulou-se a primeira fashion designer brasileira e, como Coco Chanel e Elsa Schiaparelli, ganhou projeção internacional no mundo da moda, no qual as principais referências nos anos 1960 e 1970 eram nomes masculinos e a atuação das mulheres muitas vezes se limitava à costura.
 Sendo ela mesma uma figura feminista fora o tradicional para a época desquitada, sustentava os filhos ao mesmo tempo que construia uma carreira. Zuzu defendia a liberdade da mulher para ser e vestir o que quiser. Apoiava os ideais dos movimentos feministas da época e ao mesmo tmepo que valorizava o trabalho artesanal das mulheres, trazia em coleções como Fashion and Freedom paças leves que davam mais liberdade ao corpo feminino e dispensava o uso de sutiãs.

PONTO DE VISTA
No nosso ponto de vista Zuzu Angel está eternizada na história do Brasil por sua luta por justiça e liberdade e na história da moda por seu pioneirismo, sua arte e sua autenticidade que não deixam de ser também expressões de um desejo de liberdade tão pulsante na juventude da época e até os dias de hoje. Inspiração para a moda que, além de vestir, comunica, expressa e muda o mundo. Sempre permanecerá a sua memória e herança de uma moda revolucionária.
Um bom Sábado para todas as nossas parceiras e leitoras 
 Beijos no Coração💖

Da: Editora, Colunista e Jornalista Noeli de Carvalho e Silva. 

Da: Modelo, Designer e Estilista de Moda: Iana de Carvalho Silva e 

 Da: Pesquisadora e Colaboradora: Vanessa de Carvalho e Silva.

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